Saudades, mamãe

Há tempos que partiste e ainda sinto

tua doce presença a me guiar,

e, na emoção profunda de te amar,

aos céus levanto os olhos por instinto.

Recordo-me de quando tu oravas

sob a noite estrelada ao fim do dia;

sabia que rogavas a Maria

proteção às ovelhas que guardavas.

A saudade é, agora, a companheira,

que me busca ferina e traiçoeira,

na marcha sem a tua companhia.

Mas a aurora suplanta a noite escura,

e a peçonha, domada, faz se cura,

e à tristeza raia o sol da alegria.

Soneto de José Marcos Trad 
Mar/24