Luz de poesia
Bate a chuva na janela
e, bem longe, ouço os trovões
e olho os raios na procela
ressoarem seus canhões…
Volto no tempo e revejo
a minha infância inocente,
e as cenas, em um lampejo,
ressumam vivas à mente…
A chuva vinha chegando
e correu a meninada,
ao sol, a roupa quarando
foi recolhida e guardada.
As crianças magricelas,
com barquinhos na enxurrada,
tinham água nas canelas
e brincavam na calçada...
Se a roupa era modesta
e a lida, um tanto sofrida,
à mesa tudo era festa,
sorrir e curtir a vida.
Ao som da chuva caindo,
bolinhos mamãe fazia,
um leite quente tinindo,
biscoito e muita alegria.
À noite, céu estrelado,
papai passava em vigília;
já tinham todos orado?
Cobria toda a família.
É uma benção renascer
no lar da simplicidade
para cedo conhecer a paz e a felicidade.
Poema de José Marcos Trad
Fev/24







