Luz de poesia
Amigo e Mestre bondoso,
fez-se verbo glorioso
e deu voz às profecias;
desde há muito anunciado,
veio trazer seu reinado
amoroso aos nossos dias.
A Galileia formosa
foi a porta generosa
do seu Evangelho-amor;
que nos guarda do egoísmo
e nos resgata do abismo
das aflições e da dor.
Revelou ser o Messias
lendo o texto de Isaías
na humílima Nazaré;
e nessa hora se cumpria
que nosso modelo e guia
era Jesus, Bar-José!
Dentre os mansos do lugar,
nos humildes foi buscar
seus discípulos amados;
simples homens valorosos,
de corações jubilosos
e destemor comprovados.
Discutia com os doutores
os mistérios e os valores
das mensagens da Torá;
amando, a todos falava,
e a verdade que ensinava
o mundo renovará.
As multidões se achegavam
e, lacrimosas, rogavam
seu amparo e proteção;
mas, com firmeza e doçura,
se lhes facultava a cura,
cobrava a renovação.
Os curados eram tantos
que atraíram homens santos
e doentes andrajosos;
todos eram alertados:
as doenças são recados
da Lei Divina aos faltosos!
À mulher Samaritana,
sem preconceito, se irmana
e lhe revela o saber;
diz-lhe ter a água da vida
e docemente a convida
para com ele beber.
Certa feita, ao fim do dia,
encontrou-se com Maria,
bela dama da cidade;
com amor, aconselhada,
renegou a vã jornada
dando os bens à caridade.
A lição da Boa Nova
é verdade que renova
as mentes e corações;
dos coxos, surdos e mudos,
epiléticos desnudos,
escravos de expiações.
Das parábolas fez poemas
cujos versos são os temas
da nossa vida imortal;
são mensagens sempiternas,
que dimanam, sempre ternas,
do Evangelho Universal.
Por libelo viciado,
à cruz tosca foi atado,
e negado por amigos;
ainda preso ao madeiro,
atraiu o mundo inteiro,
perdoando os inimigos.
Descem seu corpo da cruz
e amigos banham Jesus,
em solução perfumada;
temendo a ressurreição,
pede, o Sinédrio, plantão
da guarda à tumba cerrada.
Nasce, logo, o novo dia,
e a alvorada vê Maria,
a convertida, na estrada;
adianta-se com unguentos
para finais tratamentos
ao corpo à rocha escavada.
Vendo a pedra removida,
e o Cristo pleno e em vida,
corre contar seus achados;
recebida com frieza
cala-se vendo a rudeza
dos companheiros amados.
Por que a ti surgiria?
Não à sua Mãe Maria,
ou a João, o mais amado?
Há, sempre, os homens-pigmeus,
questionando a Luz de Deus
no devoto iluminado!
Ficou com eles por dias,
em júbilos e alegrias,
lembrando os planos traçados;
e à hora própria partiu
deixando imenso vazio,
mas corações renovados.
Já se foram dois mil anos,
de provações e de enganos,
em busca de redenção;
sem amor, tudo é tormento,
dores, tristeza e lamento,
neste mundo de ilusão.






