Luz de poesia

A redenção de Alarico
Jan 25
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Alarico I
Lembro que era feroz como jamais
fora visto nos campos de batalhas;
e carregava a sede de ouro e mais
me atiçava a conquista nas muralhas.
Sitiava, com tropas, as cidades,
negociando vantagens monetárias;
e fazia, dos campos, novo Hades
de mortes em conquistas sanguinárias.
Morto, regresso ao mundo espiritual
e me espanto ao saber-me o animal
feroz e que me houvera transformado!
Imploro meu regresso àquele campo
onde houvera falhado, e peço tanto
que tenho meu pedido chancelado.
Alarico II
Na realeza foi meu nascimento,
para melhor cumprir a minha sina
de trazer nova paz e sentimento,
reinando com bondade genuína.
Chegada a hora, de tudo me esqueci
combatendo as ideias pacifistas,
e em dantesco e macabro frenesi
enveredei por guerras nunca vistas.
Ao morrer, está em guerra meu reinado
e regresso ainda mais endividado
à pátria verdadeira, como outrora.
O homem velho, orgulhoso, sucumbira
aos sofismas e intrigas da mentira
e agora, em novo pranto, triste, chora.
Jésus Gonçalves
Reencarnei em faina redentora,
distante dos teatros de outras vidas,
tendo a dor por sublime professora
e nas carnes feridas putrescidas.
O passado e o fausto glorioso,
e as comendas que outrora conquistei
resumiram-se aos trajes de leproso
que auferi nas colônias que adentrei.
Eu sofro, em paz, as dores da morfeia
que redime meus dias na alcateia
liderando os guerreiros sanguinários.
Bendita sejas, chaga purulenta,
que traz luz à alma, e o corpo violenta,
curando-nos dos erros milenários.
Sonetos de José Marcos Trad
Jan/25









